A Matriarca do Quintal da Albertina
- tiquenervosoart
- 30 de jun.
- 2 min de leitura
Nesta altura o tempo cresce de novo.
As manhãs são calmas, primeiro prepara-se o pequeno-almoço e há tempo para lhe sentir o aroma antes de o comer. Os detalhes têm de novo importância, o barulho do milho a cair na terra e a forma de coração que faz no chão.
Já não há paciência para grandes noitadas e ainda bem, porque assim há vagar para aproveitar as manhãs calmas.
As saídas à rua deixaram de ser uma correria e passaram a ser um passatempo, observar a vida a acontecer:
O Heihei e o Natacho nas suas habituais desavenças matinais, o Dwight que vem exageradamente alarmado, a gritar para os separar e pelo caminho tropeça em tudo e todos e acorda quem ainda estava a dormir. A Serafina e a Teodora já estão a tomar banhos de terra e uma delas já encontrou um lugar de última geração para deixar um ovo perdido. Os pombos já estão nas suas conversas de pequeno-almoço, que as tartarugas escutam do andar de baixo com o pescoço esticado feitas quadrilheiras. Todos os gatos já cumpriram a sua respetiva missão, o Mocas causou caos desnecessário, a Boneca perdeu a paciência e ralhou com o Vira-Latas, porque estava mais perto e este na verdade não se importou assim tanto, porque agora foram todos para a rua e ele pode dormir mais um bocadinho sossegado. A Rebeca, já anda a fazer gincanas por entre as patas do Cigano, porque é ela quem manda agora deixando à Cesaltina espaço para desfrutar da sua reforma e tempo para observar o quintal do qual foi mãe durante os últimos anos.
A Cesaltina chegou ao Quintal da Albertina primeiro do que todos, até mesmo do que os humanos que por lá andam agora. Chegou com a sua energia característica e espírito de cuidadora. Foi mãe de praticamente todos os que por lá passaram e ainda chocou alguns deles quando eram apenas ovinhos. A sua postura de matriarca estende-se até aos humanos habitantes da Casa da Albertina, que para além de a respeitarem como figura icónica deste lugar, procuram-na como um colo nos dias mais difíceis.
Os dias da Cesaltina sempre foram atarefados, gerir o grupo das Galinhas, chocar os ovos que ficaram para trás e proteger todos os que adotou como filhos. Agora, já com 8 anos, filhos criados e a Rebeca no poder, pode finalmente recostar-se à sombra e aproveitar as suas lentas manhãs a observar com orgulho o seu quintal sempre a crescer.


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